quarta-feira, 2 de março de 2011

O Despertar

 Tudo está escuro, abafado, eu não sinto meu corpo todo, meus pulmões ardem, o cheio é terrível e os sons que chegam aos meus ouvidos, são medonhos. Eu não sei como vim parar no meio desse Caos, não consigo gritar... A unica coisa que sei é que preciso sair desse buraco o mais rápido possível. Meu corpo dói como se tivesse sido dilacerado por cães, minhas mãos tremem e meus dedos sangram e mesmo assim continuo a cavar. Minha cabeça está latejando com o mesmo nome sendo repetido por várias e várias vezes e, ah, que vontade de gritar esse nome para que ele pare de me deixar tonta!
 Não! Eu não sei onde estou, não sei como vim parar aqui e é melhor ficar calada e prosseguir cavando, logo sairei desse buraco e recuperando alguma força darei o fora daqui!
 Finalmente, depois de muito esforço e horas cavando, consigo me libertar desse solo estranho e começo a analisar minha situação: "Será que morri? Como fui enterrada viva e sem um caixão, nem ao menos uma caixa? Será que foram bandidos que me barbarizaram e me enterraram viva, achando que estaria morta?!" Ainda com esses pensamentos rondando minha cabeça e o nome sendo repetido ainda, tentei abrir meus olhos e tudo que pude ver foi escuridão, e uma sensação muito forte de enjoo. De repente tudo começou a girar e desmaiei.
 Não sei quanto por quanto tempo fiquei desacordada, mas sentia meu corpo um pouco mais forte, porém com muitas dores ainda. Desnorteada, sem saber se estava sozinha ou acompanhada por alguém nas mesmas condições, decidi que seria melhor me arrastar para algum lugar que pudesse me proteger, e, assim fui tateando na escuridão.
 Enquanto tateava naquela terra fétida e seca, não pude mais ignorar os sons que me rodeavam: sussurros em uma língua desconhecida, gritos de misericórdia, gritos de pavor, risadas e grunhidos, ora perto e ora longe de onde estava e isso fazia que meu senso de direção funcionasse menos ainda! Comecei a praguejar... "Que Inferno! Fui enterrada viva num lugar desconhecido cheio de animais atacando pessoas... Esses pobres diabos sofrendo e ninguém para ajudar..." Ah, que infelicidade a minha em ter pensado alto, até demais... Ainda me arrastando pra qualquer ponto no meio da escuridão, senti que tocara em algo diferente... Eram sapatos!!! -Pensei estou salva!
 Até hoje me arrependo por não ter ficado de boca fechada naquele momento. O sapato que tocara era de um homem que estava justamente à minha procura. Ele se abaixou, me pegou pelos braços e me ergueu do solo sem nenhuma dificuldade, deixando meus pés balançando no ar e apenas disse com sua voz grave: - Achei!

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